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Tecnologias de Comunicação e Informação no Ensino Superior em
Angola: Alternativas Durante a Pandemia
Tecnologías de la Información y la Comunicación en la Educación Superior en
Angola: Alternativas Durante la Pandemia
Communication and Information Technologies in Higher Education in Angola:
Alternatives During the Pandemic
João Manuel Correia Filho
1
Universidade de Luanda, Faculdade de Serviço Social, Angola
jmcf82@yahoo.com.br
Taimara Roa Aleaga
2
Instituto Superior Politécnico Atlântida, Angola
taimararoa21@gmail.com
Filomena de Jesus Francisco Correia Filho Sacomboio
3
Universidade de Luanda, Instituto Superior de Tecnologias da Informação e
Comunicação, Angola
filofilho@hotmail.com
Resumo
Este ensaio trata de fundamentar a utilização
das TIC no processo de ensino e aprendizagem
no Ensino Superior como alternativa face ao
surgimento da pandemia do covid-19. O artigo é
de natureza qualitativa e recorreu-se a pesquisa
explicativa/compreensiva e descritiva. O texto
tenta demonstrar as possibilidades da
aprendizagem activa e do enriquecimento dos
ambientes em que o conhecimento é construído
de forma colaborativa, que se impõe agora em
Angola devido ao aparecimento da pandemia da
COVID 19, impondo-nos a transformação das
formas tradicionais de condução do processo no
ensino superior.
Palavras-chave: Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC), alternativa, ensino
superior, período pandemia.
1
Doutor. Professor Auxiliar. Coordenador da Comissão de Gestão.
2
Mestre. Professora Auxiliar.
3
Mestre. Assistente.
Abstract
This essay aims to support the use of ICT in the
teaching and learning process in Higher
Education as an alternative to the emergence of
the covid-19 pandemic. The article is qualitative
in nature and used explanatory/comprehensive
and descriptive research. The text tries to
demonstrate the possibilities of active learning
and enrichment of environments in which
knowledge is built collaboratively, which is now
imposed in Angola due to the emergence of the
COVID 19 pandemic, imposing on us the
transformation of the traditional ways of
conducting the process in higher education.
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Keywords: Information and Communication
Technologies (ICT), alternative, higher
education, pandemic period.
Resumen
Este ensayo tiene como objetivo apoyar el uso
de las TIC en el proceso de enseñanza y
aprendizaje en la Educación Superior como una
alternativa al surgimiento de la pandemia
covid-19. El artículo es de naturaleza cualitativa
y se utilizó una investigación explicativa /
exhaustiva y descriptiva. El texto trata de
demostrar las posibilidades del aprendizaje
activo y el enriquecimiento de los entornos en
los que se construye el conocimiento de manera
colaborativa, que ahora se impone en Angola
debido al surgimiento de la pandemia de
COVID 19, imponiéndonos la transformación
de las formas tradicionales de realizar la
proceso en la educación superior.
Palabras clave: Tecnologías de la información
y la comunicación (TIC), alternativas,
educación superior, período pandémico..
INTRODUÇÃO
Uma das características da sociedade
contemporânea é o papel central do
conhecimento nos processos de
produção, ao ponto de um dos
qualificativos hoje usados é o de
sociedade do conhecimento.
O uso das tecnologias de informação e
comunicação tornou-se imprescindível no
século XXI, estando presente no nosso
dia-a-dia, em praticamente todos os
momentos, daí que a sua inserção no
processo de ensino tem-se mostrado
importante.
Neste contexto em que se dá cada vez
maior relevância ao uso das tecnologias
de informação e de comunicação, espera-
se, portanto, que o Ensino Superior, cuja
missão, de acordo com a Lei de Bases do
Sistema de Educação e Ensino (Lei n.º
17/2016, art.º 63.º), é preparar
profissionais de forma cientifica, cnica,
cultural e humana em diferentes áreas do
saber, por meio da investigação científica
orientada para a solução dos problemas
locais e nacionais inerentes ao
desenvolvimento do país e inserida nos
processos de desenvolvimento da ciência,
da técnica e da tecnologia promovendo a
extensão universitária, através de acções
que contribuam para o desenvolvimento
da própria instituição e da comunidade
em que está inserida, não prescinda da
utilização da Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC), mas que explore cada
vez mais as suas possibilidades.
Com o surgimento da pandemia da
COVID-19, o mundo viveu uma das
maiores paralisias educacionais do século
XXI. Muitos países implementaram
opções virtuais de aprendizagem, pois, a
suspensão das aulas foi a medida
necessária para colaborar no isolamento
social, considernado a quase
inevitabilidade do contágio nas escolas.
Tal medida encontrou grande apoio junto
aos professores, pais e instituições de
ensino, a partir das possibilidades do
ensino a distância, ao utilizar os recursos
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; Aleaga,
Taimara Roa
; Sacomboio,
Filomena de Jesus
Francisco Correia Filho
tecnológicos como a alternativa mais
provável no actual contexto.
Em Angola foi decretado a suspensão das
aulas no dia 24 de Março de 2020, em
todo sistema de ensino através do decreto
Presidencial nº 81/20, de 25 de Março. O
Ministério do Ensino Superior Ciência,
Tecnologia e Inovação apelou as IES o
atendimento digital, a comunicação
electrónica e o uso das plataformas
digitais de apoio ao ensino para evitarem
a propagação da doença.
O surgimento da pandemia do COVID 19
a nível mundial e em particular em
Angola, coloca em evidência a
necessidade da utilização das TIC no
processo de ensino e aprendizagem,
demonstrando o seu papel no contexto
educacional, remetendo a um novo
paradigma de aprendizagem
características, com todas as
caracterísiticas da dita sociedade do
conhecimento:
1. Muita informação disponível,
obrigando os estudantes a
desenvolver a capacidade de
seleccionar, organizar e gerir a
informação de acordo com a
importância da mesma;
2. O estudante passa a ser uma
espécie de receptor activo da
informação, com papel de
protagonista no processo de
aprendizagem, gerindo a
informação disponível, avaliando a
veracidade da informação,
comentando criticamente a mesma
e criando nova informação;
3. A aprendizagem é fortemente
personalizada, ou seja, é efectuada
de acordo com as necessidades e
interesses do estudante;
Um professor que precisa de aprender a
orientar e acompanhar os estudantes na
utilizção da tecnologia, que estimule o
estudo independente e colectivo e ajude a
potenciar a autoaprendizagem na
construção dos novos conhecimentos,
assumindo como papel principal a criação
de um ambiente educativo dinâmico e um
aluno que se torne cada vez mais
autônomo e dinâmico na contrução do
conhecimento.
Nesta ordem de ideia Fortes (2011),
afirma que, hoje, no contexto educacional
existe uma grande quantidade de
softwares que ajudam no processo de
ensino e aprendizagem, tornando
evidente que as Tecnologias de
Informação e Comunicação têm um
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função fundamental na sociedade actual e
por isso são indispensáveis em qualquer
área do conhecimento. Por tal razão,
assume-se que os professores precisam de
autopreparação para potenciar suas
habilidades e competências tecnológicas
para estimular a utilização das TIC de
maneira adequada em actividades
curriculares dentro como fora da sala de
aula.
Com as novas tecnologias da informação
abrem-se renovadas oportunidades à
educação, obrigando ao professor,
adoptar diferentes estratégias de ensino
que integrem as tecnologias. Este
pensamento é reforçado Tezani (2010),
que afirma que “o uso das tecnologias no
processo de ensino e aprendizagem é algo
complexo, e necessita que o docente
apresente uma série de habilidades e
competências”(p.13). Relacionado com
isso, importa destacar que não é
conhecer a manipulação dos recursos
tecnológicos, precisa-se que os docentes
saibam aplicar de maneira criativa e
pedagógica para facilitar uma melhor
compreensão dos conteúdos
administrados usando os softwares
necessários ou outros recursos
disponíveis por meio da internet.
Com a suspensão a maioria da IES foram
atrás de recursos tecnológicas como a
chamada os moodles, google classroom,
zoom entre outros para manterem a
comunicação com a comunidade
académica. Desta forma, a maneira de
produzir, armazenar e divulgar a
informação está diversificado, com mais
de fontes de pesquisas a disposição de
todos através da Internet consultando as
bibliotecas online, repositórios que
substituem os acervos físicos.
Nesta senda, a suspensão das aulas
presenciais reforça a entrada das novas
tecnologias na educação angolana,
fazendo uma mudança de paradigma do
ambiente de aprendizagem, onde o
tradicional (Presencial) está a dar lugar ao
contemporâneo (virtual) ou seja, a sala de
aula, o laboratório, biblioteca,
apontamento, revista, vídeo e outros
estão perdendo um certo espaço a favor
do ambiente de ensino-aprendizagem
AVEA (moodle, blackboard, webTC,
zoom, google group, google classroom
etc), do ambiente virtual de aprendizagem
AVA (blog, Wiki, e-book, portais, redes
sociais etc) e do recursos educacional
abertos – REA (Revistas eletrónicas).
Estes recursos tecnológicos permitem a
materialização das pedagogias
direccionadas para o estudante, criando
vários estímulos, promovendo a
motivação, a curiosidade, a aprendizagem
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; Sacomboio,
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activa, abertura ao mundo, a partilha do
saber, entre outros. Contudo, o uso destes
converte-se num desafio do docente
universitário, que precisa se apropriar de
tais recursos e integrá-los no exercício da
actividade docente. Pode-se considerar
que a sala de aula é como um universo de
investigação para o estudante, onde o
professor é o facilitador que apoia na
construção de novos conhecimentos.
Perante isso, é necessário que o professor
mantenha uma atualização sistemática
que favoreça a retroalimentação das
habilidades e competências didácticas e
metodológicas de maneira a estimular a
participação activa dos estudantes.
Segundo Moran (1997), o uso das TIC
permite uma pedagogia diferenciada,
possibilita ao estudante o acesso a fontes
de informação diversa, incentiva os
hábitos de pesquisa e o desenvolvimento
de trabalho autónomo e colaborativo,
aprofundando as competências do saber-
fazer e do saber-ser de acordo com uma
perspectiva construtivista. Quer dizer
que, ao analisar a relação do esforço para
dominar as TIC com os retornos
educacionais para os estudantes, deve
representar uma aprendizagem mais
estimulante, menos árdua, que associe, se
possível, as componentes lúdica e
didáctica. Por esta razão, as práticas
pedagógicas devem ser inseridas, na
aprendizagem a distância em espaço
virtual através das redes de computadores
interconectadas.
Relacionado com isso, precisa-se ter
criatividade e mestria pedagógica, porque
quando o professor tem a percepção de
que os resultados são escassos, repõe os
velhos hábitos, que lhe oferecem
segurança e resultados bem mais
previsíveis. De acordo com Mar de
Fontcuberta (2003) o modelo anterior
depara-se em situações desfavorável ao
modelo contemporâneo do processo de
ensino aprendizagem devido a crise nos
currículos, a resistência do papel
tradicional do professor evidenciada
muitas das vezes nas dificuldade de
adaptação de uma nova linguagem e na
pouca utilização de maneira criativa dos
diferentes recursos tecnológicos
influenciando negativamente na gestão
do processo.
Nesta ordem de ideias, aprender a
orientar e educar online será uma
experiência do ano 2020, marco decisivo
na educação para evitar que os estudantes
vulneráveis fiquem atrasados, tendo em
conta as competências transversais no
distanciamento em tempo de pandemia.
Neste sentido, o papel do professor está
sendo valorizado pela sociedade ao
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compreender das complexidades da
processo educativo. O processo de
aprendizagem a distância é complexo,
muitas vezes a avaliação negativa dessa
modalidade é produto da ignorância e,
elementos como às TIC são adicionados a
ela, exige um alto nível de motivação e
comprometimento internos para ser bem-
sucedido. Por conseguinte, as políticas
públicas certamente avançarão no que se
refere ao ensino a distância, a partir das
mais diversas formas para que se torne
acessível a todos. Deste modo é preciso
viabilizar o acesso a computadores e
internet, capacitar professores e famílias,
desenvolver materiais adequados, ensinar
a estudar a distância, formatar
mecanismos de controle, monitoramento
e avaliação. Para todos os cidadãos, a
COVID-19 revelou cenários mais
sensíveis onde não existe melhor opção
que enfrentar a quarentena com
optimismo e inteligência.
Desafios do ensino superior para o
uso das tecnologias de Informação e
comunicação
Alguns destes desafios são apontados no
Relatório da antiga Secretaria do Esnino
Superior em 2005. O primeiro destes
desafios diz respeito à legislação.
Infelizmente, quanto à legislação, ainda
precisamos de fazer uma pequena
caminhada no sentido de oferecer às IES
bases legais, para o funcionamento de
inciativas que permitam o uso ostensivo
de tecnologias para auxiliar nas mais
diversas actividades.
Ainda que normalmente debatemos
principalmente sobre a questão do ensino
à distância (EaD), existem muitas outras
situação que ainda precisam de ser
regulamentadas, como por exemplo, o uso
de redes sociais (whatsapp, facebook, etc)
na comunicação institucional, ou mesmo
a introdução dos emails institucionais. A
falta de regulamentação não permite que
se saiba, por exemplo a quem pertence o
email institucional, ou ainda, de quem é a
responsabilidade de garantir uma
comunicação segura através destes novos
canais. O EaD, apesar de ter começado a
ser regulamentado, mais recentemente, é
apenas uma das facetas da introdução das
TICs no seio das nossas instituições.
A falta de preparo tanto técnico, quanto
em termos de recursos humanos, é
também uma questão sobre a qual se deve
refletir. um trabalho de base, que
precisa de ser levado à cabo e que inclui
não somente os equipamentos
tecnológicos, mas a qualificação dos
recursos humanos, para os quais a
tecnologia é muitas vezes ainda uma
língua pouco familiar.
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; Aleaga,
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; Sacomboio,
Filomena de Jesus
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Este problema havia sido apontado pela
SEES (2005) e diz respeito não somente
ao grau académico, mas a habilidades
diversas, habilidades que em nossa
opinião dizem respeito também ao uso
das tecnologias:
Do ponto de vista de sua postura
educativa e académica, e mesmo por
que numa instituição do Ensino
Superior deve prevalecer a missão de
educação no sentido mais lato do
termo, e de formação do cidadão, São
poucos os professores que, em várias
circunstâncias da vida na instituição,
têm o perfil adequado. Parece
igualmente muito reduzido o círculo
de professores que se distinguem por
uma cultura de qualidade, de mérito
e de autoformação. Ilustra tal
postura, a extroversão de muitos
professores em relação às
particularidades sociais, culturais e
económicas nacionais e as
prioridades nacionais de
desenvolvimento (p. 15).
Neste contexto, a pandemia do COVID 19,
pôs em evidência essa lacuna e conhecida
desde a primeira avaliação feita em 2005,
pela Secretaria de Estado para o Ensino
Superior-SEES (2005), feita com o
objectivo de verificar a qualidade dos
serviços prestados, culminando com a
apresentação de um relatório. Este
documento serviu para demostrar a
existência de instalações
insuficientemente apetrechadas com
equipamentos tecnológicos de apoio aos
processos fundamentais ao nível do
ensino e da investigação.
Identificaram-se instalações adaptadas e
em muitos casos, algumas delas sendo
utilizadas para fins diferentes daqueles
aos quais se destinavam e com falta de
recursos físicos e tecnológicos, tais como:
bibliotecas físicas com aquivos digitais,
bibliografia online, internet de banda
larga, laboratórios bem equipados e
outras facilidades.
Neste relatório (SEES, 2005) além das
dificuldade infraestruturais, também
acrescenta-se que alguns docentes
apresentam resistência à utilização destas
tecnologias na sua prática docente,
justificando a complexidade da utilização
das TIC e que a Instituição não dispõem
ainda de todas as condições suficiente,
razão pela qual recorrem a metodologias
tradicionais.
Morais (2013), sugere haver estudos que
aconselham os docentes no uso das TIC
no apoio às práticas pedagógicas
ferramenta necessária para a inovação e
sua integração pedagógica no seu dia-a-
dia. Ante essa dificuldade é fundamental
que o Ministério do Ensino Superior
Ciência, Tecnologia e Inovação aliado as
IES, criam um plano de promoção de
desenvolvimento tecnológico para os seus
associados para que num breve trecho
muda-se esse paradigma e aproximar-se
ao contexto mundial.
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; Aleaga,
Taimara Roa
; Sacomboio,
Filomena de Jesus
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Este pensamento é sustentado por
Todescat e Santos (2006) quando
consideram que o contexto social actual
torna a acessibilidade as tecnologias de
informação e comunicação mais próxima
da população, e, é fundamental que as
Instituições de Ensino Superior (IES)
criem ciclo inevitável de desenvolvimento
tecnológico no ensino e aprendizagem
capaz de adaptar-se a uma sociedade em
constantes transformações.
Nesta conformidade, os docentes,
decanos, reitores, directores, gestores
educacionais e outros especialistas são
impulsionados a rever a maneira de
compreender como se ensina e como os
estudantes aprendem numa sociedade
cada vez mais global, para tornar
realizável o trabalho docente.
O contexto actual, reforça a necessidade
de se formar o docente para a diversidade
das metodologias de ensino, além de
obrigá-lo a responsabilizar-se pela sua
inclusão digital. Reconhece-se que a
utilização das TIC na prática docente
considerando o nosso contexto, é um
desafio, que exige mudanças substanciais
nos participantes deste processo. Dessa
forma, é urgente fomentar capacitações
contínuas ligadas às tecnologias
educativas que facilitem a incorporação
destas transformações na prática docente,
além de levar-nos de forma simultânea a
um exercício constante de reflexão crítica
sobre essas novas formas do “fazer do
professor universitário”.
A inserção das tecnologias na prática do
professor que facilita a aprendizagem,
aponta a necessidade da inclusão da
linguagem digital ao lado da oral e da
escrita. Assim sendo, a formação de
docentes universitários necessita de um
convívio directo com as TIC nos seus
diversos usos para o ensino, quer de
forma teórica que vai permitir a
exploração do potencial pedagógico, quer
por meio da prática que vai possibilitar a
inserção dos recursos tecnológicos. Nesta
conformidade, a formação deve facultar o
contacto com novas formas de ensinar e
de aprender seguidas das constantes
mudanças da sociedade (Pretto, 1996).
Espera-se das IES, que assumam o
compromisso de ajudar a comunidade a
conscientizr-se da necessidade da
utilização das TIC, assim como os valores
intrínsecos que estes carregam a nível do
desenvolvimento cognitivo e afectivo.
Nessa incorporoção que se sugere, das
teorias informáticas e tecnológicas no
ensino, espera-se desenvolver, como nos
falam Dowbor & Drucker (1993), novas
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formas de operacionalização do
conhecimento:
Um conhecimento, que permite
transformar a informação em
conhecimento e desenvolvimento pessoal,
facilitando a integração pessoal;
Desenvolvimento cognitivo diante dos
ambientes computacionais;
Comunicação, que permite explorar mais
profundamente a essência do ser;
Trabalho interdisciplinar através das
redes de computadores e a criticidade,
ajudando a ter a habilidade e a pensar
criticamente utilizando inúmeros
recursos tecnológicos relacionados com a
educação e ensino.
Resta-nos, assim, o desafio de minimizar
o impacto negativo que a pandemia
COVID-19 terá no aprendizado e criar
formas de acelerar o uso da tecnologia na
educação, sem esquecer que a mesma é
um meio e não um fim em si mesma.
Devemos aproveitar esta experiência para
melhorar os sistemas educacionais,
enquanto enfrentam esta crise, mas não
deixar de criar planos alternativos de
recuperação, com um renovado senso de
responsabilidade de todos os actores e
com um melhor entendimento e um senso
de urgência da necessidade de garantir
que as Instituições de Ensino Superior
tenham a chance de melhorar a qualidade
da educação que oferecem aos nossos
estudantes.
Considerações finais
Com o surgimento da pandemia da
COVID-19 evidenciou-se a necesssidade
do uso das Tecnologias de Informação e
Comunicação como alternativas para
permitir a continuidade do processo de
ensino e aprendizagem não presencial,
sendo condição essencial para facilitar a
mudança de paradigma pedagógico para
um modelo mais activo e colaborativo.
A inserção das tecnologias na prática
pedagógica que facilita a aprendizagem,
aponta a necessidade da inclusão de
linguagem digital, como os hipertextos e
outros materiais compostos de
multilinguagens, ao lado da oral e da
escrita.
Ainda precisam de ser resolvidas questões
relativas a regulamentação do uso, das
TICs, como por exemplo, o uso de redes
sociais (whatsapp, facebook, etc) na
comunicação institucional, ou mesmo a
introdução dos emails institucionais.
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A qualificação dos docentes que insistem
na utilização apenas dos recursos
tradicionais e a resistência à utilização das
tecnologias na sua prática docente,
justificando-se com a complexidade da
utilização das TIC, é outro aspecto que
precisará de ser resolvido.
As Tecnologias de Informação e
Comunicação, por si só, não constituem a
solução para os problemas da educação,
mas sim, oferecem oportunidades únicas
e concretas, pelo que constitui uma
necessidade a formação contínua de
docentes e a criação de infraestruturas.
Não dúvida de que o acesso à
informação não é equivalente ao acesso ao
conhecimento e às oportunidades
educacionais e o uso dos recursos
tecnológicos somente representam
progresso se servirem para melhorar as
oportunidades educacionais de
aprendizagem e não simplesmente para
fornecer uma quantidade crescente de
informações, entretanto, o processo de de
introdução das TICS deve
preferencialmente permtir o acesso do
maior número possível de estudantes e
professores, de forma participativa e
colaborativa.
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Aceite em 09 de Fevereiro de 2021
Revista Angolana de Extensão Universitária, v.2, n.3, Julho-Dezembro, p. 94-104, 2020
105
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Taimara Roa
; Sacomboio,
Filomena de Jesus
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